Neonatologia procurou o Serviço para analisar o caso das gêmeas conjugadas. Solução gerou pesquisa.
O Serviço de Bioética Clínica do Hospital das Clínicas da UFPE continua oferecendo respostas rápidas para questionamentos delicados, a fim de dar alternativas que não contrariem a vontade do paciente e, ao mesmo tempo, atenda às necessidades terapêuticas. O Serviço funciona no térreo do HC, e os profissionais de saúde que se virem diante de determinado dilema podem acioná-lo, por meio do ramal 3627. O HC-UFPE é uma unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), sendo o único hospital da rede a contar com um setor estruturado destinado à Bioética Clínica. “Outros hospitais da Rede possuem Comitês de Bioética, mas somos o único a ter o Serviço. Ele é muito importante dentro do ambiente hospitalar, porque, ao mediar os conflitos que surgem, pode-se prestar uma melhor assistência ao paciente”, afirma Josimário Silva, chefe do Serviço de Bioética Clínica do HC. Temas relacionados à bioética vem sendo objeto de pesquisas dentro do ambiente hospitalar. Com base em um caso que ocorreu na UTI Neonatal do HC, a residente do Programa de Residência Médica em Neonatologia, Claudiane Matos, desenvolveu sua monografia de conclusão, intitulada “Gêmeos conjugados: relato de caso e revisão de questões éticas perinatais”. O estudo se apoiou no relato de caso das gêmeas siamesas, nascidas no HC em 2019, que compartilhavam o mesmo tórax e alguns órgãos, como fígado, coração e parte do intestino, e que não tinham grandes possibilidades de sobrevivência, mas que a família não aceitava a perda das duas. “Decidi relatar, revisar e discutir os aspectos éticos desse caso que, na época, mobilizou a Obstetrícia, a Neonatologia e o Serviço de Bioética, envolvendo diversos profissionais”, afirma Claudiane. A médica fala que o desfecho foi bastante interessante, tanto do ponto de vista científico (pela raridade do caso) quanto do ponto de vista humano. “Já que houve todo um trabalho de diálogo com a família, buscando o bem-estar de todos”, explica. Para Josimário Silva, esse trabalho é uma mudança de paradigma porque ele traz à tona um assunto de extrema relevância que é a discussão bioética. “O grande mérito da pesquisa foi trabalhar as narrativas das pessoas que estavam envolvidas diretamente, tentando identificar o que seria justificado do ponto de vista médico e ético para que o desfecho fosse o mais harmônico possível”, comentou. Josimário acrescentou que o estudo, feito pela residente, pode provocar o interesse de outros profissionais na temática. Texto: Cecília Vieira